Muitos tons de verde

30/10/2025

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Passeio fotográfico pela Mata Atlântica revela a potência de uma das maiores biodiversidades do mundo e reforça a importância da preservação do bioma 

Leia a edição de NOVEMBRO/25 da Revista E na íntegra

Por Marina Pereira 
FOTOS NILTON FUKUDA 

Quantas variações da cor verde existem? Essa resposta não é muito simples para quem tem a oportunidade de entrar em um trecho de floresta da Mata Atlântica, onde as nuances das folhagens, presentes em todas as estações do ano, são protagonistas. Assim como uma paisagem revela seus detalhes conforme o olhar do espectador se acostuma, o ambiente da floresta se mostra cada vez mais familiar, não só à visão, mas também aos outros sentidos. “A floresta não é colorida, ela é em tons de verde. As outras cores são de detalhes, como a flor de uma bromélia ou de uma orquídea”, pontua o biólogo e educador ambiental Marcelo Bokermann. 

Refúgio de uma das maiores biodiversidades do planeta, a Mata Atlântica abrange cerca de 15% do território brasileiro, cobrindo grande parte da costa leste e se estendendo para o interior nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática. Ela está presente em 17 estados e é o lar de cerca de 70% da população. Serviços essenciais, como abastecimento de água, regulação do clima, agricultura, pesca, energia elétrica e turismo, dependem desse bioma que hoje ocupa menos de um terço do seu território original.  

A Mata Atlântica é composta por florestas tropicais caracterizadas por altas e constantes taxas de chuva e umidade. Possui espécies de árvores com folhagens largas e perenes, que mantêm o verde durante todo o ano, além de ecossistemas associados, como manguezais, vegetações de restingas, campos de altitude, entre outros. 

Bokermann, que também é supervisor da Reserva Natural do Sesc Bertioga [Leia mais em Refúgio na cidade], reforça a importância da umidade para a biodiversidade, uma característica dessa vegetação. “Como na Mata Atlântica há uma alta quantidade de umidade, é possível ver muitas espécies de animais que se adaptam a esse ambiente: os anfíbios, por exemplo, como os sapos e as pererecas. Existem mais de 600 espécies, entre animais e plantas, identificados. É bicho-preguiça, macaco-prego, cachorro-do-mato, ouriço-cacheiro, fora as muitas espécies de morcegos”, elenca. 

Esse bioma tem um dia em sua homenagem (27 de maio) e é o único no país protegido por lei (11.428/2006). Como outras florestas no mundo, sua restauração é uma das prioridades da agenda ambiental. Para isso, instituições como a Fundação SOS Mata Atlântica desenvolvem projetos para monitorar e coibir o desmatamento. Em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora a vegetação nativa desde 1989, criou o relatório anual Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que se tornou uma referência para a difusão do conhecimento sobre o desmatamento da região, auxiliando na identificação das áreas mais ameaçadas. 

Por meio de uma parceria com os moradores de Bertioga, o Sesc São Paulo também é um dos atores que contribui para a manutenção desse bioma. “A comunidade foi convidada a ajudar a desenhar a Reserva Natural Sesc Bertioga. Tem trilhas aqui que foram feitas a partir de conversas com a população. No entorno da reserva, existe uma comunidade que nos ajuda a cuidar da floresta. Forma-se um vínculo. E só cuidamos daquilo com que a gente tem um vínculo emotivo, não é mesmo?”, conclui Bokermann.

Vista de cima do centro de visitantes da Reserva Natural Sesc Bertioga: um dos destaques é o domo geodésico (à esq.), uma grande escultura que reflete conceitos de sustentabilidade e interdependência

Refúgio na cidade
Criada em 2016, a Reserva Natural Sesc Bertioga abriga duas trilhas abertas ao público e conta com uma programação voltada à educação ambiental  

Localizada na zona urbana de Bertioga, litoral norte de São Paulo, a Reserva Natural Sesc Bertioga foi criada em 2016 com a intenção de integrar a população aos ambientes naturais da cidade. A unidade de conservação de cerca de 60 hectares de Mata Atlântica possui uma estrutura para receber o público: um centro de visitantes com informações sobre a Reserva, fauna e flora, além de um jardim de brincadeiras para as crianças e de um espaço para a realização de vivências e oficinas. 

O principal atrativo do local são duas trilhas com acesso gratuito para todos os públicos. A Trilha do Sentir, com 960 metros de extensão, é feita por passarelas de madeira suspensas e possui recursos de acessibilidade, que permitem o acesso de pessoas com dificuldade de locomoção, com deficiências físicas ou visuais. Ao longo do percurso, placas táteis em alto relevo, com imagens da fauna e da flora, apresentam a biodiversidade local. Uma segunda trilha aberta no nível do terreno tem cerca de 300 metros de extensão e leva o nome de Tucum, fazendo referência ao fruto comestível de uma palmeira presente em todo o território brasileiro. 

Uma equipe de educadores ambientais realiza projetos com foco na valorização e relação com as comunidades e culturas locais, no incentivo às pesquisas científicas e no diálogo com outras unidades de conservação. “O primeiro contato do público geralmente é feito conosco. O que também é interessante, porque nós somos moradores de Bertioga. Conhecemos praticamente todo mundo, o que facilita bastante o diálogo com a população”, afirma Gustavo Xavier, guarda-parque da reserva. Outro trabalho essencial da equipe é a proteção da biodiversidade. “Instalamos câmeras para acompanhar a vida da floresta. Conseguimos fazer muitos registros: de tamanduá, veado-catingueiro, irara, lontra”, acrescenta. 

Saiba mais sobre a estrutura da Reserva Natural Sesc Bertioga e sua programação em sescsp.org.br/reserva-natural-sesc-bertioga 

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